18.12.07

O imparável fenómeno Jacob Zuma

Toda a República da África do Sul parecia ontem à noite suspensa dos efeitos imprevisíveis de um grande tsunami chamado Jacob Zuma, cuja eleição para a presidência do partido maioritário era dada praticamente como certa. No entanto, as horas iam passando e continuavam sem se saber o resultado da contagem que o opusera ao Presidente Thabo Mbeki, cujo mandato à frente do Estado termina em princípio dentro de um ano e meio.
O secretário-geral do ANC, Kgalema Motlanthe, anunciara ao princípio da tarde que os resultados da votação para os principais cargos do partido seriam conhecidos a partir das 18h00 locais (16h00 em Lisboa). Mas às 20h ainda nada era sabido, limitando-se toda a gente a especular sobre se o eventual novo Presidente da África do Sul poderá ou não ser um “novo Mugabe”, como em Londres se interrogava o Times.
Interrogado em Lisboa pelo PÚBLICO sobre as perspectivas de uma vitória de Zuma, o director do Instituto de Estudos Estratégicos e Internacionais, Fernando Jorge Cardoso, declarou “não ter uma visão catastrofista” quanto a essa hipótese, apesar de todas as clivagens que têm vindo a ser patentes no ANC.
No seu entender, o candidato dado como favorito para a presidência do partido “não tem um programa radical no campo económico”, nem sequer um comportamento errático: “Não diz uma coisa num dia e outra noutro”.
A incerteza quanto à política que Zuma poderia vir a seguir, se ficasse agora na presidência do ANC e depois chegasse à chefia do Estado, tem causado calafrios a alguns investidores. Mas Cardoso falou de um “efeito Lula”, uma vez que o Presidente do Brasil tem sido muito menos esquerdista e mais pragmático do que se previa na altura da sua eleição.
O que tanto este analista como outros entendem é que, na eventualidade de Zuma ficar agora à frente do partido, a “recta final” da administração Mbeki seria cheia de tensões económicas, sociais e políticas. E colocar-se-ia a hipótese de o Presidente cessante tomar a “posição inteligente” de antecipar as eleições gerais, para diminuir as incertezas.
Fernando Jorge Cardoso recordou a actual subida do preço das matérias primas no mercado internacional; designadamente o oiro, de que a África do Sul é o principal produtor mundial. E considerou que isso poderá permitir a quem ficar à frente do país fazer “algumas flores”, como seria a realização de grandes obras públicas.
A Conferência Nacional do ANC iniciada dia 16 na Universidade do Limpopo, junto à fronteira de Moçambique, deverá terminar amanhã, depois de se conhecerem todos os elementos da nova comissão executiva e de se aprovar uma declaração formal, a sintetizar o trabalho de todos estes dias.
Um dos membros da comissão cessante, Ronnie Kasrils, ministro dos Serviços Secretos, anunciou ontem à imprensa a intenção de propor que se boicote o “Estado sionista de Israel”, um indício mais das inclinações esquerdistas e mais radicais dos quadros do ANC, um partido criado em 1912 e que desde 1994 se encontra no poder.
Para muitos no estrangeiro, como referia ontem o “Times”, “parece que o milagre da África do Sul acabou”, estando a nação ameaçada por uma grande tempestade, depois da relativa tranquilidade que se viveu durante os governos de Nelson Mandela e de Thabo Mbeki. E o articulista recordava que, como chefe dos serviços secretos do ANC durante os tempos da luta contra o apartheid, Zuma teria testemunhado ou autorizado “coisas muito sujas”, dizendo-se mesmo que os militantes suspeitos de espionagem não escaparam com vida.
Jorge Heitor

8.12.07

Pobre povo curdo, tão esquecido

O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que luta por um Estado de cariz socialista para o povo curdo, poderá estar em risco de divisão ao longo de linhas étnicas, sugerem recentes relatórios dos serviços secretos, lia-se este fim-de-semana na gazeta electrónica turca, em inglês,Today’s Zaman.
Recentes operações da Turquia contra as bases do PKK nas Montanhas de Kandil, no Norte do Iraque, revelaram lutas pela liderança dentro da organização, que os Estados Unidos e outros países consideram ser terrorista.
Membros do grupo naturais da Turquia estão a ser eliminados, intensificando-se a luta pela liderança entre Fehman Huseyin, natural da Síria, e Murat Karayilan, nascido em solo turco. Este último, que chegou ao cimo da hierarquia do PKK depois da captura do líder histórico Abdullah Ocalan, em 1999, fortaleceu a sua posição quando o irmão de Abdullah, Osman Ocalan, também foi eliminado do grupo.
O seu único rival era Cemal Bayik, mas o problema foi resolvido quando os dois homens decidiram cooperar, essencialmente porque Husein, líder dos curdos sírios do PKK, entendeu proclamar-se chefe do grupo. Distribuiu até uma declaração a dizer que assumira o cargo e a prometer o regresso do velho espírito combativo do PKK, criado na década de 1970 para defender os interesses de um povo muito antigo.
Na sequência disso, os curdos sírios e os curdos turcos que há no movimento estão agora a competir pela influência no mesmo. E os curdos iranianos do PKK, de um modo geral neutros, parecem inclinar-se para a facção turca.
Karayilan e Bayik não acharam nada bem que Abdullah Ocalan tenham incluído os curdos sírios na liderança da ala armada do partido, as Unidades de Defesa Popular (HPG). O curdo sírio Huseyin, que comanda os Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK), parece por agora estar na mó de cima na luta pela liderança deste grupo cuja ideologia se baseia no marxismo-leninismo revolucionário e no nacionalismo curdo, a causa de um povo de mais de 25 milhões de pessoas que se distribui pela Turquia, Síria, Irão e Iraque. E que alguns historiadores julgam ser descendente dos antigos medos, cuja capital era Ecbátana, a actual Hamadã, 400 quilómetros a sudoeste de Teerão. J.H.

13.11.07

1932/1933 o ovo da serpente

Pedro Ribera Flores era presidente da União Nacional no concelho de Estremoz, em 1932, e suspirava pela ascensão de Hitler ao poder, tal como também ansiava pelo levantamento nacionalista contra a República Espanhola.
Estas coisas lêem-se a páginas 200 do livro Rio das Flores, de Miguel Sousa Tavares, um autêntico retrato sobre o que foi Portugal no fim da I República e no começo do Estado Novo.
Um romance que recomendo a todos os portugueses, dos 15 aos 80 anos, pois que os mais velhos já poderão ter algumas dificuldades de leitura...e a obra vai para cima das 600 páginas, sendo bem tarefa para todo um mês.
J.H.

2.11.07

O que nos disse o Presidente Ramos-Horta

Duas semanas antes da sua visita oficial a Portugal, de 14 a 16 de Novembro, o PÚBLICO colocou ao chefe de Estado timorense uma série de perguntas, a que ele respondeu por escrito, abordando tanto as relações bilaterais como a presente situação no seu país.

Qual é o significado da viagem que efectua a Lisboa?

É a minha primeira visita oficial a um país europeu e, como não podia deixar de ser, é a Portugal, dada a enorme importância das relações entre Timor-Leste e Portugal. Os que me conhecem sabem o que sinto e penso em relação a Portugal e aos portugueses, um sentimento de muita amizade, gratidão sincera, realismo e pragmatismo.
Gratidão pelo muito que Portugal e os portugueses fizeram por nós ao longo de muitos anos, e pelo muito que ainda estão a fazer por Timor--Leste. Realismo pela imposição da geografia: Portugal está longe da nossa região, os interesses estratégicos de Portugal são na Europa, tem as suas limitações e prioridades, e o actual interesse de Portugal e dos portugueses por Timor-Leste pode diluir-se no tempo. A distância não perdoa. Pragmatismo porque Timor-Leste tem em Portugal o seu melhor amigo e aliado na Europa. Logo, Timor-Leste deve cuidar muito da relação com Portugal.

Portugal e a Indonésia são alguns dos países com que conta?

Temos investimentos portugueses consideráveis em Timor-Leste. O TimorTelecom é um investimento estratégico vital, como é óbvio. Há outros investimentos, mas modestos. Somos um país do Sueste asiático e as nossas atenções estão viradas para a nossa região, sendo de destacar as relações com a Indonésia e a Austrália, dois vizinhos incontornáveis. A maior parte do nosso comércio é com Indonésia, Austrália, Singapura, China, etc.

A alfabetização da maioria da população é um objectivo viável a curto ou médio prazo?

A alfabetização de toda a população só pode ser um objectivo a longo prazo, isto é, de uns dez a 20 anos. Com a cooperação de Portugal, Brasil e Cuba estamos a fazer um grande esforço nesse sentido. Temos excelentes equipas de professores portugueses, brasileiros e cubanos. Cuba está a apoiar-nos muito na alfabetização de adultos, foi o primeiro programa inaugurado por mim como primeiro-ministro. A vertente mais importante, dominante, da cooperação com Cuba é na área da saúde. Temos uns 600 jovens a cursar Medicina em Cuba e mais de 100 a estudar sob a mão amiga de professores médicos cubanos. Além disto temos perto de 200 médicos cubanos a trabalhar em Timor--Leste, colocados em todos os distritos e subdistritos do país.

O inglês poderá vir a ser uma das vossas línguas oficiais, a par do tétum e do português?

O inglês e o bahasa indonésio são duas línguas de trabalho estipuladas na Constituição. Temos que investir mais no seu ensino. Elevar o seu estatuto para línguas oficiais? Não descarto esta possibilidade, mas careceria de um parecer de linguistas e pedagogos, de muito debate, para pesarmos todas as vantagens e desvantagens de tal opção. Acredito que devemos dar às gerações actuais e futuras instrumentos de comunicação e acesso à informação, à ciência e à tecnologia, e isto é mais facilmente feito através do inglês. O bahasa indonésio é também muito importante pelo simples facto de que uns 50 por cento do povo ainda fala o indonésio, pelo facto dessa língua ser falada por 250 milhões de pessoas na Indonésia, 30 milhões na Malásia. É sobretudo uma língua que já faz parte da nossa história, das nossas vidas, da nossa cultura.

Estes últimos meses têm sido ou não de acalmia?

De uma maneira geral, no plano de segurança, a situação em todo o país está muito mais calma. Depois dos eventos tristes e trágicos de Agosto (para não falarmos da situação que se vivia no ano passado, que foi bem mais trágica), graças ao esforço concertado da UNPOL (polícia das Nações Unidas), da GNR, da nossa polícia e das Forças de Segurança Internacionais, a situação estabilizou rapidamente. As nossas Forças de Defesa desempenharam um papel cívico extremamente importante no apaziguamento dos ânimos. O brigadeiro-general Taur Matan Ruak, chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, foi incansável, um verdadeiro homem de Estado e de paz, ajudou-me imenso com os seus homens a remover obstáculos nas estradas, a realizar diálogos, a fazer mediação. A maior parte da nossa polícia também se portou muito bem. A liderança da Fretilin de igual modo ajudou na tranquilização. Mas a situação continua precária. Não se pode dizer com demasiado optimismo que está tudo resolvido. O Estado é novo, recente, logo necessariamente frágil, e é preciso muita prudência e paciência quando se quer resolver certas situações mais complexas.

O principal partido actualmente na oposição está a conseguir coexistir razoavelmente com a aliança governamental?

A liderança da Fretilin continua a dizer que a minha decisão em convidar a Aliança da Maioria Parlamentar (AMP) é inconstitucional e logo o IV Governo liderado pelo nosso irmão Xanana é ilegal. Convidei--os a levar o caso ao Tribunal de Recurso, mas ainda não tiveram a coragem de o fazer. A liderança da Fretilin pode também iniciar um processo de impeachment do Presidente pela via do Parlamento, se realmente acredita que cometi um acto inconstitucional. Mas a base da Fretilin tem sido mais pragmática do que certa liderança. Exemplo disso é Suai, onde também a Fretilin obteve a maioria. Ali a liderança regional da Fretilin disse claramente em reunião pública comigo: "Uma vez tomada uma decisão pelo Presidente da República, nós acatamos. Não questionamos. Aqui em Suai todos os partidos estão a colaborar". Isto está a acontecer em todos os outros distritos. Acabo de me reunir com todos os administradores dos três distritos e subdistritos de Baucau, Lautém e Viqueque e todos em uníssono comprometem-se a trabalhar com o Presidente da República e com o Governo, porque dizem: "Nós somos da Fretilin, mas somos servidores do Estado."

Como é que vê os pedidos para o afastamento do procurador-
-geral da República?

Longuinhos Monteiro foi reconduzido por mais quatro anos, pelo então Presidente da República, pouco antes do término do seu mandato. Não tenho razões de força maior para o substituir.

Existe alguma novidade no caso do major Alfredo Reinado e no dos ex-peticionários?

O Governo estabeleceu um grupo de trabalho liderado pelo secretário de Estado para a Segurança, Francisco Guterres, para resolver os dois casos pela via do diálogo. Ele é altamente experiente em resolução de conflitos. Tem um mestrado pela Universidade de Uppsala (Suécia) e um doutoramento pela Universidade Nacional da Austrália em Resolução de Conflitos. Além disso é assistido pelo Centro para o Diálogo Humanitário, de Genebra (Suíça), e por uma organização não governamental timorense. Com paciência e prudência, vamos fechar estes dois dossiers. O caso de Alfredo Reinado prende--se com a justiça, embora esteja ligado também à questão dos peticionários e aos eventos de 28 de Abril de 2006.
Jorge Heitor

26.10.07

Ausência de perspectivas de paz no Darfur

Os dois principais grupos rebeldes que actuam no Darfur, o Movimento Justiça e Igualdade (JEM) e o Exército de Libertação do Sudão/facção Unidade, decidiram ontem que não irão participar nas conversações de paz a começar hoje na Líbia, sob a mediação das Nações Unidas e da União Africana (UA).
Desde o acordo de paz assinado o ano passado por apenas uma de três delegações negociais rebeldes, a guerrilha dividiu-se em mais de uma dezena de grupos, prevendo os peritos citados pela Reuters que sem a presença de todos as conversações arriscam-se a ter o mesmo destino que as de 2006.
Antes da comunicação feita ontem à tarde pelo Jem e pelo SLA/Unidade, já Abdel Wahed Mohamed el-Nur, fundador do Exército de Libertação do Sudão, dissera que não iria à Líbia enquanto não houvesse no Darfur uma força da ONU para acabar com as violações e assassínios que se verificam desde o início de 2003.
“O regime não quer a paz. Se houver uma verdadeira paz, ele perde o poder”, considerou el-Nur, de 39 anos, que vive há 10 meses em Paris, de onde a França ameaça expulsá-lo se persistir em boicotar as conversações de paz.
Enquanto isto, o Presidente do Chade, Idriss Deby, considerou que um acordo de cessar-fogo assinado esta semana, também na Líbia, entre o seu Governo e quatro grupos rebeldes é a última oportunidade de estes últimos conseguirem a paz, num conflito que está intrinsecamente ligado ao do Darfur.
Deby aproveitou para avisar os diversos países vizinhos do Chade de que não voltem a apoiar e armar movimentos que pretendam derrubá-lo, pois que isso levaria a uma guerra generalizada e internacional.
As autoridades de N’Djamena têm têm desde há muito acusado o Sudão de apoiar rebeldes chadianos que actuam a partir do Leste, na fronteira com o Darfur.
O acordo conseguido quinta-feira na Líbia prevê uma comissão que integre figuras rebeldes nas estruturas do Estado. E o próprio Deby só conseguiu chegar ao poder, em 1990, depois de ter desencadeado no Leste do país um revolta contra o seu antecessor, Hissene Habré, actualmente exilado no Senegal, onde poderá vir a ser julgado por crimes de guerra. Jorge Heitor

22.10.07

Joaquim Chissano recebeu o maior prémio do mundo (em termos monetários)

Ex-Mozambique president wins African leader award


Haroon Siddique and agencies
Monday October 22, 2007
Guardian Unlimited


The former Mozambique president Joaquim Chissano was today named as the inaugural winner of a multi-million dollar prize for achievement in African leadership.
Mr Chissano, who was the president of Mozambique for 19 years, oversaw a political settlement to the long-running civil war in 1992. He also engineered a move away from Marxism and the introduction of a multi-party constitution.

The ex-leader became the first recipient of the $5m (£2.5m) Mo Ibrahim prize, which will be the largest awarded annually in the world.

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Kofi Annan, the chairman of the award committee, praised Mr Chissano for his achievement in "bringing peace, reconciliation, a stable democracy and economic progress".
The former UN secretary general also commended him for voluntarily stepping down as president in 2004 after his second term in office, rather than running for a third term as he was entitled to do.

One of the criteria for a leader to be eligible for the award is for them to have democratically transferred power to their successor.

Mr Ibrahim, a UK-based mobile phone entrepreneur who was born in Egypt, developed the plan to rate governance in 53 African countries each year.

"I hope it will persuade a new generation of leaders to come forward and use their talents for the good of their countries," Mr Annan said.

All African heads of state who left office over the last three years were eligible for the inaugural award.

The wining leaders will received the money over 10 years when they leave office, plus $200,000 a year for life.

Mr Annan expressed hope that the prize would "make it easier for the winner to carry on using their experience and talent to make a contribution to Africa and the wider world".

-- O antigo Presidente completou hoje mesmo 68 anos

11.9.07

Sempre estive na vida "underneath what is above"

Sempre à minha frente encontrei homens e mulheres de outra condição. Mais altos, quiçá mais belos, mais ricos e muito mais poderosos.
Eu, como todos os que se sentem por baixo, oprimidos, sempre encontrei homens e mulheres prontos para me dirigirem e para me indicarem o caminho; para me dizerem o que deveria ou não deveria fazer. Pessas bem encaixadas na vida ou com muito mais ousadia ou descaramento, prontas para me suplantarem e oprimirem.
Sempre me senti "underneath what is above", conforme um dia sonhei, creio que no ano de 1976, na cidade de Londres, um dos muitos lugares onde sofri desilusões, de vária ordem. Vi-me como um palhaço pobre, um faz-tudo; e a imagem tinha essa legenda.
É a todos os que um dia me passaram a perna que hoje dedico este apontamento, na manhã de 11 de Setembro do ano 2007.

Jorge Heitor

9.9.07

Campanha pela liberdade de imprensa no Zimbabwe

09.09.2007

A Fundação Peter Weiss para a Cultura e a Política, criada em Berlim em 1993, promove hoje uma jornada mundial pela democracia e a liberdade de imprensa no Zimbabwe, a fim de recordar que neste país, dirigido por Robert Mugabe, desde Fevereiro a maior parte das manifestações são proibidas e a comunicação social estrangeira é vítima de discriminação.
O festival internacional de literatura que decorre na capital alemã, de 4 a 16 de Setembro, associou-se à iniciativa, para que sejam feitas em muitos países leituras de textos sobre a situação zimbabweana, tendo pedido a emissoras, escolas, universidades, teatros e outras instituições que divulguem poemas de Chengerai Hove, Chirikuré Chirikuré e Dumudzo Marecharas.
Em Portugal, decorre na noite da próxima quarta-feira na livraria lisboeta Ler Devagar/Eterno Retorno, nas instalações da antiga fábrica de armamento de Braço de Prata, a leitura de poesia não só daqueles zimbabweanos, mas também do moçambicano Mia Couto e do brasileiro João Cabral de Melo Neto.
A mensagem que se pretende transmitir é a de que "a realidade no Zimbabwe é desesperante, com os media controlados e a informação manipulada".

7.9.07

Poucas esperanças quanto ao Darfur

Alguns dos dirigentes rebeldes do Darfur, onde a situação se mostra cada vez mais complexa, desde há quatro anos, manifestaram ontem a sua desilusão quanto ao balanço da visita de três dias que o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, efectuou ao Sudão, antes de se ter dirigido ao Chade, para conversações com o Presidente Idriss Deby Itno sobre a violência que também aí se faz sentir.
Aqueles líderes da guerrilha disseram à Reuters ter poucas expectativas quanto ao que possa resultar das conversações de paz marcadas para 27 de Outubro na Líbia, uma vez que no seu entender a ONU não está a pressionar suficientemente o Presidente sudanês, Omar Hassan al-Bashir, quanto aos problemas de que se queixam muitos dos naturais do Darfur, país que em 1916 perdeu a sua independência, quando o Reino Unido o invadiu e submeteu a Cartum.
“Há novas tribos árabes que o Governo (de Al-Bashir) foi buscar ao Níger e ao Chade para as instalar no Darfur, de modo a alterar a respectiva demografia antes de aí se efectuarem eleições”, declarou um dos dirigentes do Exército de Libertação do Sudão (SLA), Ahmed Abdel Shafie, que poucas esperanças tem na pacificação enquanto as Nações Unidas não exercerem mais pressões.
De igual modo o fundador do Movimento de Libertação do Sudão (SLM), Abdel Wahid Mohamed el-Nur, residente em Patris, declarou não ter sido consultado sobre o lugar, a data e outros pormenores das conversações que Ban anunciou, antes de ter ido tratar da situação dos 230.000 refugiados e 150.000 refugiados actualmente existentes no Leste do Chade. “Nós não vamos participar”, esclareceu, mantendo o boicote que já o mês passado fizera aos contactos preliminares efectuados na Tanzânia para se tentar deliniar uma plataforma comum a todos os rebeldes.
A digressão africana do secretário-geral da ONU termina hoje em Tripoli, depois de haver dito que “o Governo líbio tem estado a desempenhar um papel muito construtivo” no que se refere às questões sudanesas.
J.H. 8 de Setembro de 2007

3.9.07

Pacto para a tranquilidade na Serra Leoa

Os dois candidatos à segunda volta das presidenciais que sábado vai decorrer na Serra Leoa, o vice-presidente Solomon Berewa e oposicionista Ernest Bai Koroma, decidiram partilhar quinta-feira uma mesma viatura, num “desfile pela paz”, corolário de um pacto que estabeleceram contra a violência, anunciaram ontem os seus partidos.
O compromisso foi estabelecido durante conversações mantidas domingo com o Presidente Ahmad Tejan Kabbah, que na semana passada chegara a admitir a hipótese de ter de proclamar o estado de emergência, se acaso prosseguissem os confrontos entre os dois campos: o situacionista Partido Popular e o oposicionista Congresso Popular, que conseguiu a maioria parlamentar nas legislativas de 11 de Agosto, disputadas em simultâneo com as presidenciais.
A Serra Leoa tem um dos piores índices de desenvolvimento humano (IDH) de todo o mundo e a maior taxa de mortalidade infantil, sendo normalmente colocada num lote de estados africanos menos desenvolvidos de que também fazem parte a República Centro-Africana, a Eritreia, o Burundi, a Guiné-Bissau e a Somália.

26.8.07

A melhor via para Timor-Leste

http://paulanoticias.blogspot.com/ é o caminho seguro para se começar a estudar Timor.

Graças ao abnegado esforço da Dra. Paula Pinto, portuguesa casada com um timorense, que é o Dr. Roque Rodrigues, há longos meses que muita gente tem a oportunidade de ler em cada dia que passa numerosos textos sobre o que, em diversos países, se escreve sobre este tema deveras importante que é o esforço de um país para se conservar independente.Contra ventos e marés.
Toda a verdade sobre uma parte da maior e mais oriental das Pequenas Sondas, ilhas que ficam a cerca de 600 quilómetros da Austrália, na Oceânia.

25.8.07

Presidente timorense em choque com empresários

José Ramos-Horta exigiu ontem ao Forum dos Empresários de Timor-Leste um pedido de desculpas por ter dito num comunicado que ele dá a impressão de ser um “Presidente para estrangeiros”, uma vez que se recusa a dar preferência às companhias locais em detrimento do capital externo. E incitou todos os investidores estrangeiros a abandonarem aquela associação, dirigida por Júlio Alfaro, Óscar Lima e Frankelino Castro.

24.8.07

Considerações chegadas da FLEC

Notícias em edições recentes do PÚBLICO (4 de Agosto: “FLEC introduz a palavra ‘Estado’ na sigla”; 11 de Agosto: “ Visita de Eduardo dos Santos pôs a tensão ao rubro no enclave de Cabinda”; 12 de Agosto: “Cabinda quer ter um porto de águas profundas”), como condensam diversas informações distintas, parece oportuno a apresentação de alguns breves comentários. Assim:

ENCLAVE OU ESTADO?

Trata-se de um tema que em certos momentos é estudado internamente na Resistência Cabindesa e faz sentido esta reflexão. Desta vez a posição mais forte decidiu pela substituição da palavra de origem francesa “enclave”, que poderá remeter para uma leitura limitada da justa Luta pela Independência de Cabinda, algo semelhante a uma reivindicação de natureza geográfica ainda podendo admitir um qualquer regime jurídico, região autónoma, por exemplo, pela palavra portuguesa “Estado” que, inegavelmente, confere outra dimensão ao trabalho desenvolvido pela Resistência Cabindesa contra a ocupação e colonização do Território mártir.

AFASTAMENTO DE QUADROS DIRIGENTES

Na mesma notícia que anuncia a importante alteração da sigla da genuína organização da resistência popular, inicialmente ao incumprimento português e há mais de três décadas à ocupação e colonização angolanas, FLEC, informa que o histórico dirigente da Resistência Cabindesa, Nzita Henriques Tiago, afastou o seu filho Antoine e saneou outros altos dirigentes como Buílo, Quinta, Gieskes e Virginie. Uma Luta de longa duração como é o caso de Cabinda (mais de 40 anos) necessariamente incorpora este tipo de episódios: alguns combatentes ou activistas não resistem, eles próprios, a esta prova e parece prudente que os lugares por tais quadros ocupados, sejam renovados com novos dirigentes que se sintam firmes e equilibrados com o projecto da FLEC.

Neste longo percurso, sublinhe-se, há mudanças nas pessoas que protagonizam a Luta de Libertação de Cabinda, embora este não seja um fenómeno exclusivo de Cabinda: uns derramam o seu sangue em combate contra o exército carnívoro de josé eduardo dos santos, as faa/ fapla, alguns abandonam a Luta por doença ou porque a idade já não permite uma participação activa, outros abandonam as fileiras da Resistência para se integrarem em alguma sociedade que os acolha, outros capitulam e corporizam uma adesão ao inimigo (António Bento Bembe, é o exemplo mais recente) e entre outros motivos elegíveis para um abandono, outros há que discordam das ideias e das práticas das organizações e tentam outra via. Não poderão ser considerados traidores, não deverão ser imediatamente colados ao inimigo. Provavelmente é este o caso dos cinco dirigentes nomeados, que conheço pessoalmente. Possuem uma visão particular do modo como lutar pela Independência de Cabinda, que difere da visão da Direcção da FLEC. Ainda em período recente a estes quadros oferecia-se internamente uma designação curiosa: “a cintura do Presidente” pela proximidade, pela função de conselheiros, pelas mais altas missões para as quais eram seleccionados pelo Presidente Nzita, entre muitos outros quadros disponíveis. Para salvaguardar a ortodoxia, para prevenir previsíveis vacilações em momentos difíceis, para não dar uma imagem de organização com um projecto ambíguo ou adaptável, o Presidente Nzita e os mais destacados dirigentes da FLEC decidiram efectivamente pela substituição dos cinco elementos. Por muito que custe aceitar que pessoas que tanto deram de si pela causa da Libertação de Cabinda sejam afastadas dos órgãos de decisão da organização de que foram destacado suporte, deve aceitar-se esta decisão, que seguramente foi igualmente difícil de ratificar para o próprio Presidente Nzita. A decisão parece sábia e antecipa acontecimentos. Não foi afectada a vivência interna de um verdadeiro e cultural espírito democrático porque todos os membros da FLEC agora afastados de funções dirigentes foram convocados para a reunião que produziu tal decisão. Se não compareceram, é uma decisão sua (dos elementos afastados).

A Buílo, Antoine, Quinta, Gieskes e Virginie, não faltará espaço, abertura e compreensão para, se entenderem, regressarem ao convívio dos seus companheiros na FLEC e recomeçarem o trabalho, provavelmente com outras atribuições. Penso que estes quadros compreendem, apesar de eventuais divergências, que no contexto actual da Luta do Povo Cabindês pela sua dignidade como Povo, pela Autodeterminação e Independência do Território, nenhuma solução poderá contornar o Presidente Nzita. Essa, aliás, é a triste estratégia do ditador angolano que insiste em resolver o problema pela força e sem uma negociação transparente com o Presidente Nzita.

A VISITA DE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS A CABINDA

Esta visita visa dar algum crédito a Bento Bembe para que o “Memorando de Entendimento” não seja condenado ao esquecimento, como todas as anteriores iniciativas unilaterais para a “resolução do problema de Cabinda”. O ditador angolano, no entanto, sabe que não é bem vindo a um Território cuja população condena e martiriza há mais de trinta anos. Sabe que uma qualquer manifestação espontânea poderia colocar em perigo a sua integridade física, pelo que tratou de preparar a sua presença com prévios golpes brutais. Tudo está descrito com preocupante clareza na notícia do PÚBLICO de 11 de Agosto.

Elemento fundamental da demagogia do ditador angolano, quando a Cabinda se refere, é o investimento económico e as grandes realizações do seu governo. O topo das “medidas” mais recentes é a ligação geográfica de Cabinda a Angola, “medida” que o governo comunista chinês se apressou a apoiar (cf. PÚBLICO, 12 de Agosto, p. 16). Aquele momento de delírio do ditador angolano e concomitante tensão entre a população amordaçada de Cabinda, terminou com a sua desejada partida do Território ocupado.

Mas josé eduardo dos santos não está só.

HAVIA DE SURPREENDER

Que “empresários” e “empreendedores” portugueses, “competindo” com americanos e chineses, corram a toda a velocidade para “investir” em Angola. Não irei aprofundar esta questão porque estas notas destinam-se a diferente objectivo. Mas a economia angolana é uma economia de sangue como oportunamente referi em nota dirigida ao Millennium BCP (07.08.07). É. E não há quem não saiba. Há quem não queira saber. A Resistência cabindesa observa estes acontecimentos com singular tristeza, se a esta questão quisermos associar um sentimento. Quero com isto justificar a frase anterior “mas josé eduardo dos santos não está só”: ele é ajudado pelos referidos “investidores” e por todos os governos portugueses desde 1975 e actualmente por todos os partidos políticos com representação parlamentar. É dramático mas é a verdade. Por exemplo, recentemente, em nome do Presidente Nzita Henriques Tiago, solicitei uma audiência a três presidentes de grupos parlamentares, para actualizar os partidos políticos sobre a situação em Cabinda, através de documento e não obtive qualquer resposta ( primeiro contacto em 11 de Junho e segundo em 30 de Julho).

22 de Agosto de 2007

Manuel de Souza Falcão
Conselheiro do Presidente da FLEC
cabinda@propagare.org

20.8.07

"Xanana dará o melhor de si próprio"

Kirsty Sword Gusmão diz estar consciente do papel do marido “neste momento crucial para o futuro” do jovem país de que foi o primeiro Presidente

Jorge Heitor

A responsável pela Fundação Alola (http://www.alolafoundation.org), que começou por fazer campanha contra a violência sexual em Timor-Leste, é uma australiana que nasceu em 1966 na cidade de Melbourne e há sete anos se casou com o mítico guerrilheiro Xanana Gusmão.

- Continua a considerar-se uma primeira dama (agora que o seu marido é o novo primeiro-ministro e que o Presidente Ramos-Horta não se encontra casado)?

Em primeiro lugar, permita-me salientar que as presentes declarações são feitas em meu nome pessoal, como Presidente da Fundação Alola, por mim criada em Março de 2001 e não em nome do meu marido, Xanana, nem tão pouco do Governo.
Claro que já não me considero primeira-dama! O título, aliás, nunca fez sentido na medida em que o estatuto de ‘primeira-dama’ nunca foi reconhecido oficialmente nem recebeu qualquer financiamento por parte do Governo. Todo o trabalho desenvolvido pela Alola, em áreas como a advocacia, emprego, educação, saúde materno-infantil e assistência humanitária, tem sido financiado por doadores de todas as partes do mundo, individuais e institucionais.

- Como é que vê esta transição de Xanana da primeira para a terceira posição na hierarquia do Estado (depois dos presidentes da República e do Parlamento)?

Encaro o cargo actual de Xanana essencialmente como um acréscimo de responsabilidades e de ocupação do seu tempo, em prejuízo da nossa vida familiar. Mas, é um sacrifício que nós aceitámos sem hesitação, na medida em que estamos conscientes da importância do papel de Xanana neste momento crucial para o futuro de Timor. Nem eu nem Xanana damos muito valor às posições de poder, a nossa maior preocupação é tentar contribuir para a melhoria das condições de vida do povo timorense, a que ele tem dedicado quase toda a sua vida. Xanana deveria estar já a descansar; mas a libertação do seu povo (agora da miséria) continua a ser a sua grande prioridade.

- Está convicta de que um Governo com base na AMP (ALiança com Maioria Parlamentar) tem condições para cumprir toda uma legislatura?

Estou confiante que Xanana, bem como as outras pessoas que integram o IV Governo, darão o melhor de si próprias para governar o país até final do seu mandato. Por outro lado, é absolutamente necessário que sejam criadas as condições de estabilidade política e social que permitam mostrar ao mundo que os timorenses são capazes de governar o seu próprio país.

- Preocupa-a em particular o grande número de desalojados que ainda há em Timor-Leste?

A questão dos desalojados é muito preocupante, principalmente pelas condições precárias em que os mesmos se encontram, há tanto tempo. É ainda procupante pelo facto da sua existência traduzir a falta de segurança e de estabilidade político-social que se tem vivido no país.

- Admite que dentro de dois a três anos o clima económico e social do país possa ser melhor do que é hoje?

Tenho muita esperança que em breve o povo timorense verá as suas condições de vida melhorar e que, a médio prazo, se possa considerar que o clima económico e social do país sofreu realmente um impulso positivo rumo ao desenvolvimento e paz social. Com o empenho de todos – governo, oposição e sociedade civil – na defesa deste grande objectivo nacional, acredito que isso será possível.
Pela minha parte, continuarei a contribuir para melhorar as condições de vida das mulheres e crianças, em particular, através do trabalho que a Fundação Alola vem desenvolvendo no sentido de melhorar a sua educação, saúde e rendimento e apoiando-as na sua luta por uma maior participação na sociedade.

17.8.07

Planos de contingência para os britânicos do Zimbabwe

British military commanders are reviewing contingency plans for the evacuation of up to 22,000 Britons from Zimbabwe after months of rising violence and food shortages.

The Ministry of Defence has been asked to look urgently at what logistical help it could provide amid “real concerns” in Whitehall about Zimbabwe’s slide into chaos.

Diplomatic sources said that the review was focusing on a “civil contingency plan”, which included seeking help from neighbouring countries. There is no plan to send in troops. “Military evacuation from a third country would only be used as a last resort,” one source said.

Under existing plans, Britons would be advised to take routes out of Zimbabwe into South Africa and to head for a former military base at Artonvilla in Limpopo province. The MoD has been asked to consider whether it could help in the airlift of Britons from the region. The diplomatic sources said that if the MoD were unable to do so, chartered commercial aircraft would fly the evacuees to Britain.

The Times

10.8.07

Está a aumentar o drama das populações deslocadas em Timor-Leste

Aumentou durante os últimos dias o problema das populações deslocadas em Timor-Leste, com mais alguns milhares de cidadãos a terem de se juntar aos cerca de 100.000 que já eram referenciados antes de o antigo Presidente Xanana Gusmão ter sido convidado a formar Governo com base na Aliança com Maioria Parlamentar (AMP), uma congregação de quatro partidos adversários da Fretilin.
Milhares de pessoas foram escorraçadas das suas casas pela violência e tiveram de procurar alojamento temporário em esquadras em igrejas, declarou fonte policial timorense ontem citada pela imprensa australiana.
Grupos de agitadores incendiaram 200 residências no distrito de Viqueque, obrigando a população a fugir para as montanhas, disse ontem à Reuters o comandante da polícia local, José de Carvalho.
A fundação de direitos humanos HAK, criada em 1997 por jovens intelectuais timorenses, pediu ao novo Governo que restaure a lei e a ordem, para que “o povo não continue a ser vítima das divergências entre os seus dirigentes”.
Enquanto isto, o líder da bancada parlamentar da Fretilin, Aniceto Lopes, deu uma conferência de imprensa em que afirmou que “os senhores da AMP estão afectados pela loucura do poder, naquilo que ele tem de mais mesquinho e reles”. E apostrofou em especial a atitude da ministra da Justiça, Lúcia Lobato, ao ter atrasado a saída para a Malásia do avião fretado em que viajava um antigo ministro do Interior (aliás seu tio), que fora libertado da pena que estava a cumprir a fim de ir ao estrangeiro receber assistência médica especializada.
Rogério Lobato, antigo vice-presidente da Fretilin, “está seriamente doente”, disse Aniceto Lopes, citando uma junta composta por três médicos, os quais consideraram essencial um acompanhamento clínico com recursos inexistentes em Díli.J.H. 11/08/07

7.8.07

Cabo Verde pretende estreitar laços coma UE

Cabo Verde pretende, ainda durante a presidência portuguesa da União Europeia (UE), desenvolver uma parceria especial com esta que “optimize todas as potencialidades do acordo de Cotonou”, sobre as relações da Europa com os países da África, Caraíbas e Pacífico (ACP), declarou ontem ao PÚBLICO, em Lisboa, o ministro cabo-verdiano dos Negócios Estrangeiros, Victor Borges.
“Queremos sair da lógica da ajuda pública ao desenvolvimento; e manter um diálogo político, que englobe os campos económico, financeiro e orçamental”, acrescentou o ministro, que tem vindo a procurar que o seu país seja ouvido em todas as questões que digam respeito às ameaças que possam pairar sobre a Europa e os Estados Unidos. Designadamente problemas de imigração clandestina, crime organizado e narcotráfico.
“A Europa não pode conter todas as ameaças pensando só no ex-bloco soviético, no Cáucaso e no Mediterrâneo. Há que incluir os arquipélagos do Atlântico numa visão global”, argumentou Borges, segundo o qual “não são desafios fáceis” os que se apresentam à próxima cimeira de Lisboa, entre a UE e a África.
No seu entender, não é suficiente o diálogo euro-mediterrânico, sendo preciso que a reformulação do relacionamento dos europeus com o resto do mundo passe necessariamente por um estreitamento de laços entre Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde, arquipélagos que na Cidade da Praia são referidos como Macaronésia; ou Ilhas Afortunadas.
O regime que é presidido por Pedro Pires e que tem como primeiro-ministro José Maria Neves, ambos do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), procura desenvolver relações comerciais, económicas e de segurança com as duas regiões autónomas portuguesas e, também, com as Canárias. Para que se “aproveitem as sinergias”, como diz este ministro de 52 anos que desde Abril de 2004 coordena a diplomacia crioula.
Uma das mais recentes alterações da política externa de Cabo Verde, nas últimas semanas, foi o congelamento do reconhecimento em 1979 acordado à República Árabe Sarauí Democrática (RASD), proclamada pela Frente Polisário na parte do Sara Ocidental que faz fronteira com a Argélia.
Disse Victor Borges que tal decisão “traduz a atitude de procura de coerência com o processo negocial em curso entre Marrocos e a Polisário, sob a égide das Nações Unidas”. Jorge Heitor

6.8.07

IV Governo Constitucional de Timor-Leste

O Presidente José Ramos-Horta, que em Maio sucedeu a Xanana Gusmão, convidou ontem formalmente este a formar Governo, com base na Aliança com Maioria Parlamentar (AMP) constituída por quatro partidos depois das legislativas de 30 de Junho. Num discurso de nove páginas, que há cinco dias estava a ser aguardado, Ramos-Horta começou por felicitar o novo presidente do Parlamento Nacional, Fernando de Araújo, que “faz parte da nova geração que muito contribuiu para que hoje a pátria seja livre”. E logo a seguir saudou os ex-guerrilheiros e os antigos prisioneiros, tendo destacado que as mulheres ocupam 30 por cento dos lugares na nova legislatura.
O Chefe de Estado disse haver procurado “uma solução o mais abrangente possível”, mas que não foi possível “uma convergência de vontades”, pelo que acabou por se decidir pelo “sentimento geral dentro do Parlamento”, onde toda a mesa - presidente, vice-presidente e secretárias - passou a pertencer aos partidos da Aliança: CNRT, PD, PSD e ASDT. De qualquer modo, sempre foi afirmando que o novo Executivo “terá de respeitar toda a oposição e os seus diferentes pontos de vista”; e teve palavras de apreço para os que “têm governado e tomado até aqui conta da vida pública segundo o interesse geral.
Ramos-Horta observou ter encontrado no secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, “serenidade e sentido de Estado”; mas isso não foi suficiente para que a violência njão tivesse surgido de imediato, primeiro em Baucau e depois em Díli, por parte de grupos que lançaram pedras, bloquearam estradas e queimaram pneus. Na área de alguns acampamentos para deslocados, surgiram cartazes a dizer “Xanana é um fantoche” e a acusar o antigo Presidente de estar sob a influência da vizinha Austrália e da Administração Bush. O edifício da Alfândega “foi totalmente destruído por um incêndio”, segundo fonte policial; mas o delegado da agência Lusa em Díli, Pedro Rosa Mendes, comentou à Antena Um que estes incidentes não teriam sido muito mais graves do que os que periodicamente se têm verificado na cidade.
Perto de um décimo da população total do país está ainda a viver em condições precárias, em acampamentos ou residências provisórias; e esse fenómeno potencia muita da agitação que se faz sentir em Timor-Leste e que obriga à presença de forças militares e policiais estrangeiras.
“É um golpe de estado constitucional”, considerou Alkatiri o facto de a Fretilin, apesar de partido mais votado, não ter sido convidada a formar Governo; mas o catedrático português Barbedo Magalhães, especialista em questões timorenses, ouvido pela Antena Um, comentou que tal posição não passa de “um embuste e uma mentira”.
De acordo com fontes da AMP auscultadas telefonicamente pelo PÚBLICO, o elenco governamental de Xanana Gusmão a tomar posse amanhã terá muito possivelmente um vice-primeiro-ministro (José Luís Guterres ou Zacarias Albano da Costa), uma mulher na Justiça (Lúcia Lobato) e até mesmo alguns independentes, como o investigador João Câncio (Educação) e o jovem médico Nelson Santos (Saúde). O secretário-geral do PD, Mariano Sabino Lopes, é dado como certo na Agricultura, enquanto para a Economia e Desenvolvimento poderá ir João Gonçalves, antigo líder parlamentar do PSD, e para as Finanças Emília Pires, ficando Gil da Costa Alves a trabalhar na área do Comércio e Indústria.
Jorge Heitor 7 de Agosto de 2007

Uma mensagem de grande diplomacia

É excepcional o texto da Mensagem à Nação acabada de fazer pelo Presidente Ramos-Horta, ao decidir convidar a Aliança com Maioria Parlamentar (AMP) a formar Governo em Timor-Leste e ao dizer que Mari Alkatiri “lançou os alicerces do Estado de Direito Democrático: durante o seu governo foram criadas as infraestruturas e o edifício legislativo que permitiram o nascimento das instituições timorenses”.
O Presidente da República “recomenda que ao Líder da oposição seja reconhecido Estatuto Oficial, correspondente a nível de ministro, e que lhe seja atribuída, na hierarquia do Estado, precedência logo a seguir ao Primeiro-Ministro”.
É magistral, de Grande Mestre!
6 de Agosto de 2007

Falta de respeito pelo sofrimento na Serra Leoa

A Serra Leoa tem vindo a aparecer desde há anos nos lugares mais baixos do Índice de Desenvolvimento Humano, com uma esperança de vida de apenas 41 anos e um PIB por habitante de 220 dólares. Muitas das suas crianças não têm tido nada para comer e 10.000 delas combateram como soldados numa guerra civil que durou 10 anos e é o pano de fundo para o filme Diamante de Sangue, de Edward Zwick, filme esse que o Inatel passou dia 1 de Agosto, ao ar livre, no estádio a que já evita chamar Primeiro de Maio, tratando-o pura e simplesmente por Estádio do Inatel, como se já não fosse de bom tom lembrar o Dia do Trabalhador.
O extraordinário mau gosto é o facto de a apresentação dessa obra algo documental sobre um dos grandes dramas das últimas décadas ter sido precedida por um alegado jantar temático em que se serviram “crocantes de mandioca, vitela à Serra Leoa e diamantes de manga”. Que mente doentia é que se teria lembrado de criar esta ementa, profundamente ofensiva para todas as vítimas da tragédia serra-leonesa?
Na programação desta Festa do Cinema, que decorre entre 28 de Julho e 11 de Agosto, o Diamante de Sangue foi passado entre Homem-Aranha e Mr. Bean em Férias, como se tudo isto fosse um enorme entretenimento, incluindo as inenarráveis atrocidades que se verificaram durante a guerra na Serra Leoa.

3.8.07

Timor-Leste, um país adiado

Até esta sexta-feira ao fim da tarde ainda não havia conhecimento de que nenhum partido ou aliança de partidos tivesse sido convidada a formar o novo Governo de Timor-Leste, o que demonstra bem que nada pode ser dado de antemão por garantido.É sempre bom saber esperar, com muita paciência, para não haver precipitação.
A situação continuava ontem à noite a ser de um certo impasse, com necessidade de muitas conversações. E a Presidência da República já fez saber que não deverão surgir grandes novidades antes da próxima terça-feira.
É o Timor-Leste, país adiado.

28.7.07

Cabo Verde distancia-se da Frente Polisário

O Governo de Cabo Verde anunciou ontem ter optado pelo “congelamento anteriormente acordado à República Árabe Saraui Democrática” (RASD), proclamada em 1976 pela Frente Polisário na antiga colónia espanhola do Sara Ocidental, anexada em 1975 por Marrocos e a Mauritânia e totalmente anexada por Marrocos em Agosto de 1979, pelo menos em teoria, por renúncia das autoridades de Nouakchot.
O ministério cabo-verdiano dos Negócios Estrangeiros disse que a sua decisão “traduz a atitude de procura de coerência com o processo negocial em curso sob a égide das Nações Unidas e um sinal às partes (Marrocos e Polisário) em como a solução do diferendo, particularmente neste caso, depende em primeiro lugar da boa vontade, concessão e empenhamento”.
A RASD, segundo a Wikipédia, é actualmente reconhecida por 48 estados (depois de a terem reconhecido no passado mais 22 que já anularam esse reconhecimento e 12 que congelaram as relações, como o fez agora Cabo Verde).
Vai já em 32 anos o diferendo entre o reino de Marrocos e a Polisário sobre o estatuto do Sara Ocidental, uma superfície de 266.000 quilómetros quadrados cuja população está avaliada em pouco mais de 273.000 habitantes.
Em Julho de 1982, numa reunião da Organização da Unidade Africana (OUA), a RASD foi admitida, tendo passado depois em 2002 a ser um dos fundadores da União Africana (UA), motivo pelo qual Marrocos é o único país do continente que não faz parte desta entidade.
Actualmente, o território saraui encontra-se dividido por um muro de mais de 2.000 quilómetros de comprimento, vigiado por mais de 150.000 soldados marroquinos, só a leste dele existindo um território administrado pela Polisário e que tem a sua sede na localidade de Bir Lehhlu, fronteira com a província argelina de Tindouf. Nesta última existem quatro grandes acampamentos para refugiados do Sara Ocidental, para além de outros menores.
O Governo de José Maria Neves comunicou o congelamento do seu reconhecimento da RASD uma semana depois de haver estado na Cidade da Praia o ministro marroquino dos Negócios Estrangeiros, Mohamed Benaissa, que entregou ao Presidente Pedro Pires uma mensagem especial do rei Mohamed VI. Além disso, Rabat aumentou para 15 o número de bolsas de estudo concedidas a Cabo Verde e - segundo o site cabo-verdiano A Semana on line - “pretende estender a sua cooperação a áreas como a agricultura e os transportes”.
JH

15.7.07

A dança dos generais angolanos

A actualidade política angolana deste último fim-de-semana foi dominada pela detenção, sexta-feira, dia 13, do general Fernando Garcia Miala, antigo vice-ministro do Interior para a Segurança e ex-chefe do Serviço de Inteligência Externa (SIE), ao qual fora instaurada uma sindicância em Fevereiro do ano passado.
Na sequência de um despacho de pronúncia de um juiz do Supremo Tribunal Militar, general António dos Santos Neto, “Patónio”, foram detidos não só Miala mas, também, o coronel Miguel Francisco André, antigo director-geral adjunto do SIE, a tenente-coronel Maria da Conceição Domingas, ex-directora da Contra Inteligência Externa, e o tenente-coronel Ferraz António, director de Estudos e Planeamento.
Sobre todos eles pende a acusação de se terem recusado a ir ao Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, a fim de que se concretizassem as ordens do comandante-chefe José Eduardo dos Santos, decididas depois de concluída a sindicância do ano passado. Nessa altura foi dito, entre outras coisas, que o SIE não tinha apresentado ao Chefe de Estado documentos sobre o seu planeamento e funcionamento no período 2005/2006, estando até a sobrepor-se a funções atribuídas a outros serviços e a usurpar competências que só deveriam caber a José Eduardo dos Santos.
Miala e os demais elementos deste processo deveriam ter ido ao Estado-Maior para serem despromovidos em cerimónia pública e colocados compulsivamente na reforma, depois de as autoridades haverem concluído que os SIE estariam a ser transformados num “instrumento pessoal”. Chegou-se mesmo a dizer que o antigo chefe da “secreta” perdera as boas graças do Presidente da República devido às manobras de outros dois generais: Hélder Vieira Dias, “Kopelipa”, e José Maria, respectivamente chefe da Casa Militar de José Eduardo dos Santos e responsável pelos serviços secretos militares.
Entretanto, no princípio deste mês havia em Luanda rumores, veículados designadamente pelo semanário Angolense, de que o próprio “Kopelipa”, igualmente director do Gabinete de Reconstrução Militar, teria começado ultimamente a perder parte da extrema importância que tem tido nos últimos anos. Jorge Heitor 15 de Julho de 2007

14.7.07

A palavra a um político guineense

Chega de vitimizar os nossos Estados em África, chega de culpar eternamente a colonização: esta nem nasceu na África, nem a primeira colonização da África lhe veio do exterior. Antes da chegada à África do colonizador externo, os nossos antepassados não viviam num paraíso de harmonia e entendimento. Já de há muitos milhares de anos nos colonizávamos uns aos outros, nos escravizávamos uns aos outros nas nossas guerras étnicas (como aliás em todos os outros espaços humanos de que a História tem memória) e já nos vendíamos a outros africanos e a estranhos ao continente africano. Mais, o utilizador final do produto escravo nem sequer era, durante muitos séculos, o seu comprador directo, pois da compra e revenda da mercadoria escrava encarregavam-se intermediários africanos, negros ou não, de Sul a Norte.

Devemos ter a coragem de reconhecer que os que nos colonizaram já tinham sido colonizados, inclusivamente por africanos: Aníbal Barca galgou o Mediterrâneo e colonizou a Europa; os árabes fizeram o mesmo; os asiáticos também.

Devemos ter também a coragem de reconhecer que se a colonização tocou a todos os povos desde que se conhece a história da humanidade, a Europa e a América do Norte desenvolveram-se; a Ásia cresceu, apesar das flutuações resultantes sobretudo da especulação e do totalitarismo; a América Latina cresceu, apesar das ditaduras; e, especialmente, que a África, após 1945, cresceu inicialmente mais rápido do que a Ásia.

Devemos ter ainda a coragem de reconhecer que o atraso actual da África resulta da má qualidade das nossas lideranças: incompetência, totalitarismo, corrupção e carência ética ou ausência de sentido de Estado, de serviço aos compatriotas e à pessoa humana.

De resto, ter sido colonizado não deve envergonhar ninguém, pois não significa inferioridade cultural nem humana, mas tão-somente que fomos dominados a um dado momento por quem tinha mais força: a Grande Roma, com o seu sistema jurídico e político avançados, com a sua administração poderosa e eficiente, nãos fez dos romanos seres mais elevados do que os que dominaram e, pelo contrário, foram os seus escravos e servos Etruscos que os ensinaram a utilizar a charrua (com todas as consequências económicas, tecnológicas, sociais, políticas e culturais daí supervenientes!), assim como foram os seus escravos e servos Gregos que lhes ensinaram as ciências humanas e sociais (com todas as consequências espirituais, ideológicas e civilizacionais daí decorrentes).

Agradeço que nos poupem a tanta choradeira sobre os efeitos da colonização: a África é pobre e atrasada, hoje. Mas a soma das fortunas pessoais de antigos e actuais dirigentes africanos pagaria a totalidade da dívida externa da África e ainda sobraria para programas de desenvolvimento nacional em cada um dos países africanos.

Francisco José Fadul, antigo primeiro-ministro da Guiné-Bissau (introdução a uma conferência recente)

9.7.07

Resultado das legislativas em Timor-Leste

1. URDERTIM 13,247 3.19%
2. CNRT 100,175 24.10%
3. PR 4,408 1.06%
4. PDRT 7,718 1.86%
5. PDC 4,300 1.03%
6. UDT 3,753 0.90%
7. PD 46,946 11.30%
8. PMD 2,878 0.69%
9. PST 3,982 0.96%
10. Coaligasao ASDT-PSD 65,358 15.73%
11. AD-KOTA-PPT 13294 3.20%
12. FRETILIN 120,592 29.02%
13. PNT 10,057 2.42%
14. PUN 18,896 4.55%
TOTAL 415,604 100%


MANDATOS
FRETILIN 21
CNRT 18
ASDT-PSD 11
PD 8
PUN 3
AD KOTA-PPT 2
UNDERTIM 2
TOTAL MANDATOS 65

3.7.07

Charles Taylor em julgamento na Haia

O antigo Presidente liberiano Charles Taylor, derrubado em 2003, compareceu ontem no seu julgamento por crimes de guerra no Tribunal Especial para a Serra Leoa que está reunido na Haia, depois de haver boicotado as audiências que se tinham verificado desdo o início dos trabalhos, em 4 de Junho.
Levado da prisão de Scheveningen, foi apenas combinar uma interrupção do julgamento até 20 de Agosto, entre outros motivos para que entretanto todos possam gozar as férias judiciais.
Este antigo guerrilheiro, agora com 59 anos, é acusado de crimes de guerra e de crimes contra a humanidade cometidos durante a guerra civil que se verificou na vizinha Serra Leoa de 1991 a 2001 e na qual ele apoiou activamente a Frente Revolucionária Unida, de Foday Sankoh.
Trata-se da primeira vez que um antigo Chefe de Estado africano comparece perante a justiça internacional, podendo o seu processo constituir um precedente para muitos outros políticos que nas últimas décadas cometeram delitos susceptíveis de afectar muita gente. 4 de Julho de 2007

30.6.07

Cartum ao serviço dos Estados Unidos

The Black Star News,
Commentary, Paul Moorcraft,
June 29, 2007

Editor's note: The Bush administration continues to send contradictory signals about its priorities in Africa and begs the question about whether statecraft or spycraft is driving U.S. policy decisions.

The U.S. administration is genuinely concerned about the Darfur tragedy, but it also needs Khartoum's support in the long war against al-Qaeda. Hence the high-level CIA presence at a somewhat surreal intelligence summit earlier this month in the Sudanese capital.

Khartoum was the venue for a week-long conference of all the heads of African intelligence agencies, to which -- bizarrely -- a small number of journalists was invited. In the same week that Washington tightened the sanctions screw, Khartoum wanted to underscore that it had the support of its brothers on the continent. It was also intended to show that Africa could set its own intelligence agenda, sidestepping the flawed policies of U.S. President George Bush.

Khartoum hosted the fourth conference of the Committee for Intelligence and Security Systems in Africa (CISSA), which operates under the African Union (AU) umbrella. At least 46 African agencies were present, plus nearly all the main western intelligence agencies. The senior CIA and British Secret Service representatives were naturally wary of publicity: Sudan is, according to Washington, still listed as a state sponsor of terrorism.

As it happens, Khartoum has bent over backwards to provide intelligence to the west, especially on al-Qaeda's penetration of north Africa. In addition, it was reported that Khartoum is providing intelligence on jihadist operations in Iraq.

CIA attendance was a public statement in itself. Top western spooks mingled fraternally with their opposite numbers in Sudan's National Security and Intelligence Service (NISS). Its chief, Salah Al-Din Abdulla Mohamed, was in good spirits, back-slapping his western counterparts and even dancing on stage, while a band entertained the visitors at the imposing new intelligence headquarters in Khartoum.

In the past year, the Pentagon has beefed up its new U.S. Africa Command with an investment of $50 million. So far this is big on geography, but light on troops, for a structure that will eventually cover nearly all of Africa. U.S. military and intelligence experts know that they have to recover from the Somalia syndrome and concentrate on the Mahgreb and sub-Saharan Africa, which are perceived as a growing front in the war on al-Qaeda. Recent Islamic terrorist attacks in Algeria, Morocco and northern Nigeria, as well as Islamic extremist resurgence in Somalia following the invasion by Ethiopia, added extra urgency to the summit.

Some of the sentimental "suits" in the U.S. administration may shed real tears for the Darfurians, but the hard-nosed warriors know that Sudan is a vital element in regional security. Hence the paradox of Washington imposing sanctions in the same week that it sends a top intelligence delegation to Khartoum.

Sudan's leader, President Omar Al-Bashir, has long resisted United Nations (UN) demands for blue-hatted peacekeepers to enter Darfur. A U.N. military intervention without Khartoum's permission would be seen as an invasion, and could prompt a jihad to match Iraq and Afghanistan.

26.6.07

Guerrilha karen, em território birmanês

Vinte e sete pessoas foram mortas e 11 ficaram feridas, a semana passada, quando rebeldes do grupo étnico karen atacaram dois autocarros de passageiros no Sueste da Birmânia, país asiático a que a junta militar que o governa chama desde 1989 União de Myanmar.

Dez pessoas foram mortas e três feridas quinta-feira no estado de Karen (a que os autonomistas chamam Kawthoolei), perto da fronteira com a Tailândia. As restantes pereceram sexta-feira no vizinho estado de Kayah, conforme noticiou ontem o jornal oficioso Nova Luz de Myanmar.

A União Nacional Karen é um grupo armado que combate desde 1948 as autoridades birmanesas, sendo a sua luta pela independência a mais antiga de que há conhecimento em todo o mundo. Afirma representar um povo de origem mongol que teria chegado à região antes dos birmaneses, que depois o subjugaram; e que esse povo é hoje em dia constituído por sete milhões de indivíduos, sem contar os 400.000 que vivem já do outro lado da fronteira, nas colinas da Tailândia.

24.6.07

Darfur, o conflito insolúvel

A secretária de Estado Norte-americana, Condoleezza Rice, voltou ontem a avisar o Sudão de que não deve eximir-se à promessa de que aceita uma força internacional híbrida, de mais de 20.000 soldados e polícias, para ajudar a resolver a crise humanitária que no Darfur já matou centenas de milhares de pessoas e correu com alguns milhões para longe das suas terras. Ao dirigir-se para a conferência que hoje principia em Paris sobre este problema, Rice pediu que toda a gente diga a Cartum de forma inequívoca que não pode furtar-se ao cumprimento daquilo com que se compromete. Entretanto, a China anunciou que vai enviar para o terreno 275 soldados de engenharia, de modo a que se possa constituir a força conjunta das Nações Unidas e da União Africana (UA), força essa que o Sudão insiste que terá de ser colocada sob comando africano e constituída essencialmente por soldados da África. Isto apesar de até agora um contingente de 7.000 homens mobilizado pela UA pouco ter conseguido fazer para resolver a crise.

22.6.07

Aumenta a pressão sobre Mugabe

O embaixador britânico em Harare, Christopher Dell, declarou ontem ao Guardian que a inflacção no Zimbabwe atingirá um milhão e meio por cento no fim do ano e levará à queda do Presidente Robert Mugabe. No mercado negro já eram ontem necessários quase 200.000 dólares zimbabweanos para se conseguir um dólar dos Estados Unidos.

17.6.07

Os EUA servem-se do Sudão

PARIS: Once home to Osama Bin Laden, Sudan is an invaluable ally in the US-led war on terror but the cooperation may be allowing Khartoum to resist pressure to end the bloodshed in Darfur, experts say.

Sudan bowed to US demands to expel the Al Qaeda leader in 1996 and has since offered vital assistance to fight extremists, prompting the US State Department to label Khartoum “an important partner in the war on terror.”

The Los Angeles Times reported this week that Khartoum’s spies had gathered information for the United States about the insurgency in Iraq as Sudan is a crossroads for fighters making their way to the war-torn nation.

Sudan has also helped track the turmoil in Somalia, working to cultivate contacts with the Islamic Courts Union and other militias to try to locate Al Qaeda suspects hiding there, the report said.

While the United States has accused Khartoum of committing atrocities in Darfur and imposed economic sanctions, President George W. Bush faces criticism that he is soft-pedalling to avoid losing Sudanese cooperation on terrorism.

“The US is conflicted,” said Colin Thomas-Jensen, an analyst for the International Crisis Group think tank.

“On the one hand, there’s sincere concern in the White House, certainly a lot of pressure from the US Congress to deal with the atrocities in Darfur, but the overriding strategic objective of the US in the Horn of Africa is fighting terrorism and so these two issues are now clashing.”

Sudan this week agreed to allow the United Nations to deploy peacekeepers alongside a poorly-equipped African Union force serving in Darfur, where 200,000 people have been killed and more than two million people displaced in violence.

The Darfur conflict began in 2003 when an ethnic minority rose up against the Arab-dominated government in Khartoum, which then enlisted the Janjaweed militia group to help crush the rebellion. afp

29.5.07

Washington aumenta sanções ao regime sudanês

O Presidente George W. Bush reforçou ontem as sanções dos Estados Unidos ao Sudão e pediu apoio para novas pressões internacionais, apesar da nítida oposição da China e de o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Bernard Kouchner, estar a procurar resolver por outra forma o problema da ajuda humanitária ao Darfur, a partir do Chade.
“O povo do Darfur pede auxílio e merece-o”, disse Bush na Casa Branca, depois de já há seis semanas ter ameaçado que se tornaria mais duro para com Cartum se não deixasse de se verificar o bombardeamento das populações do antigo sultanato do Darfur, que em 1916 perdeu a sua independência.
“A minha Administração tem chamado a estas acções um genocídio. O mundo tem a responsabilidade de ajudar a acabar com isto”, acrescentou o Presidente, que pediu à secretária de Estado, Condoleezza Rice, que trate com o Reino Unido e outros países de conseguir novas sanções da ONU ao Sudão.
Bush afirmou que o Departamento do Tesouro proibirá 31 empresas controladas por sudaneses de recorrerem ao sistema financeiro norte-americano, mas o subsecretário sudanês dos Negócios Estrangeiros, Mutrif Siddig, comentou de imediato não ver qualquer justificação nesta atitude.
Em Pequim, o responsável chinês pelos Assuntos Africanos, Liu Guijin, entendeu que “o aumento das sanções pode apenas tornar o problema mais difícil de resolver”, se bem que se tivesse esquivado a pormenorizar se o seu país vetaria no Conselho de Segurança da ONU qualquer nova resolução contra o regime de Omar Hassan al-Bashir, que os Estados Unidos consideram absolutamente ditatorial.

25.5.07

Mísseis norte-coreanos

A Coreia do Norte disparou ontem para o Mar do Japão alguns mísseis de curto alcance, mas a Casa Branca não atribuiu grande importância ao caso, considerando que se teria tratado de um “exercício de rotina”. E o próprio primeiro-ministro nipónico, Shinzo Abe, entendeu não existir “um grave problema para a segurança” do seu país.
Foram os serviços secretos sul-coreanos e os órgãos de comunicação social do Japão quem deu conta de tais disparos, numa altura em que as negociações internacionais para se conseguir o desarmamento nuclear da Coreia do Norte nada avançam, depois de terem sido relançadas por meio de um acordo alcançado em Fevereiro.
A Coreia do Sul alinhou ontem com os Estados Unidos e o Japão na consideração de que se teria tratado de meros exercícios de rotina, mas Abe não deixou de observar que a paciência de Tóquio tem os seus limites: “Se a Coreia do Norte continuar a não responder às inquietações da comunidade internacional, teremos de encarar diversas opções”.
Japoneses, norte-americanos e sul-coreanos continuam a querer conferenciar com os norte-coreanos, os russos e os chineses sobre o programa de armas nucleares de Pyongyang. O regime de Kim Song-il só aceitou começar a desmantelar tal programa sob a condições de começarem a ser desmantelados os fundos que tem congelados num banco de Macau. Segundo a televisão japonesa NHK, os mísseis de ontem foram disparados de terra para barcos, tanto a partir do litoral oriental como ocidental da Coreia do Norte.
Em Julho do ano passado fora muito pior, quando os norte-coreanos dispararam um míssil balístico de longo alcance e outros de curto alcance, que caíram no mar. E os Estados Unidos ainda temem que Pyongyang esteja a pensar em criar um míssil internacional com um raio de alcance de 10.000 quilómetros, capaz de atingir o seu território.
O Japão instalou recentemente o seu primeiro sistema de defesa anti-míssil, de concepção norte-americana, numa base militar próximo de Tóquio, de modo a responder ao que considera ser a ameaça norte-coreana. E até Março de 2011 tenciona colocar em funcionamento mísseis de intercepção PAC-3, em 11 bases militares.
27 de Maio de 2007

1.5.07

Sara Ocidental

Alger, 30/04/2007 (SPS) Le porte-parole du ministère algérien des Affaires étrangères a accueilli avec "satisfaction" l'adoption, ce jour, par le Conseil de sécurité des Nations Unies d'une résolution qui réaffirme que la solution à la
question du Sahara Occidental réside dans "la satisfaction du droit à l'autodétermination" du peuple sahraouie.

"L'Algérie se félicite du sens élevé des responsabilités démontré, une fois de plus, par l'organe principal des Nations Unies chargé du maintien de la paix et de la sécurité internationales et salue la constance remarquable ainsi manifestée par l'Organisation des Nations Unies au regard des exigences de la décolonisation", a souligné une déclaration du ministère algérien, cité par l’APS.

"Ainsi qu'elle a déjà eu à le déclarer, l'Algérie se reconnaît pleinement dans la démarche de fidélité aux principes de la charte et de la doctrine pertinente des Nations Unies, renforcée de manière conséquente aujourd'hui par le Conseil de sécurité des Nations Unies", ajoute la déclaration, rendu publique lundi.

La résolution 1754 adoptée lundi réaffirme son appui au rapport du secrétaire général des Nations Unies, et "plus particulièrement à son paragraphe 47 qui reprend la recommandation avisée tendant à la tenue, sous l'égide des Nations
Unies, de négociations directes entre les deux parties au conflit, le Royaume du Maroc et le Front Polisario, afin de parvenir à la solution politique qui permette d'assurer l'autodétermination du peuple du Sahara Occidental", ajoute le texte.

Enfin, l'Algérie forme le vœu que le Royaume du Maroc et le Front Polisario "adhèrent à la démarche prescrite par le Conseil de sécurité" et saisissent l'occasion qui leur est ainsi offerte pour "s'engager de bonne foi dans un processus sérieux de règlement du conflit qui les oppose, dans le cadre des Nations Unies, et conformément aux résolutions pertinentes de l'Assemblée générale et du Conseil de sécurité des Nations Unies, ainsi qu'à la légalité internationale"n a conclu la déclaration.

Le Conseil de sécurité des Nations unies a adopté lundi la résolution 1754 appelant le Maroc et le Front Polisario "à engager des négociations sans conditions préalables et de bonne foi, pour parvenir à une solution politique juste, durable et mutuellement acceptable qui permette d'assurer l'autodétermination du peuple du Sahara Occidental", rappelle-t-on. (SPS)
010/090/700 302004 AVR 7 SPS
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Ondjaki, um amor de Literatura

Uma das mais belas vozes da intelectualidade lusófona destes últimos anos é a do angolano que usa o nome literário de Ondjaki e que descreve como ninguém a geração nascida depois de o seu país já haver alcançado a independência.
Desesperados como muitos estamos com o rumo das nossas terras, é um bálsamo ler estórias como as de Os da MInha Rua, editadas há poucos meses pela Caminho.
As suas flores alegram os meus dias e raramente gostei tanto de um escritor, desde que há 40 anos li Autobiografia Prematura, do russo Evgueni Evtushenko, que tive a oportunidade de conhecer quando ele então visitou Lisboa, depois de haver ido conhecer Fátima.
Ao Ondjaki viu-o num destes últimos anos na Feira do Livro, no Parque Eduardo VII, em Lisboa, mas não ousei aproximar-me dele, tal o respeito que a sua grandeza me inspira. Contemplei-o de longe como se de um deus se tratasse, uma realidade superior à dos mortais.
Inspirado inclusive na literatura moçambicana de Mangas Verdes com Sal, de Rui Knopfli, e Nós Matámos o Cão Tinhoso, de Luís Bernardo Honwana, este jovem Ndalu (o verdadeiro nome de Ondjaki) ergueu-se a alturas que se julgariam impensáveis numa República que poucos mais anos tem do que ele.
"Uma casa está em muitos lugares...É uma coisa que se encontra", lê-se nas palavras do grande e poético prosador. Assim é também o meu amor pela sua escrita. Vai-se desenvolvendo em cada novo livro.

Jorge Heitor

Barrancos, 27 de Abril de 2007

26.3.07

Resultado do concurso da RTP sobre grandes portugueses

Resultado do concurso sobre os grandes portugueses: 1º Salazar
2º Álvaro Cunhal
3º Artistides Sousa Mendes
4º Dom Afonso Henriques
5º Camões
6º Dom João II
7º Infante D. Henrique
8º Fernando Pessoa
9º Marquês de Pombal
10º Vasco da Gama

-- Os três primeiros são beirões, respectivamente naturais de Santa Comba Dão, de Coimbra e de Cabanas de Viriato, ao pé de Viseu. O quarto nasceu no Minho.

Portugal continua muito centrado nas Beiras e no território entre Douro e Minho.

23.3.07

Uma grande obra no interior do Alentejo

O fluviário do Cabeção, no concelho de Mora, junto ao açude e ao parque de merendas do Gameiro, é uma das grandes maravilhas do Alentejo nestes últimos tempos.
Visitei-o ontem, no primeiro dia de abertura ao público; e adorei, principalmente por se tratar de um novo equipamento no interior da terra alentejana, de que tanto desenvolvimento necessita.
Que Portugal não seja só Lisboa, Porto, Algarve e a ilha da Madeira, mas sim múltiplos polos de interesse para todos os nacionais e estrangeiros – é o que é preciso.
Os esturjões de olhos muito brilhantes, as piranhas, as lontras e tudo o mais que se pode encobrar no Fluviário de Mora, no sítio do Cabeção, merece bem que se percorram 170 quilómetros e se reservem três ou quatro horas do nosso tempo para o ir apreciar.

Jorge Heitor 23 de Março de 2007

18.3.07

Mugabe continua a espancar os adversários

HARARE (Reuters) - A Zimbabwean opposition legislator was badly beaten on Sunday as he tried to travel to Belgium, a day after his colleagues were stopped from taking a medical trip to South Africa, an official from his party said.

Nelson Chamisa, spokesman for the Movement for Democratic Change headed by Morgan Tsvangirai, was at Harare airport on his way to an Africa, Pacific and Carribean- European Union parliamentary meeting when about eight men pounced on him.

"He was badly beaten by men who jumped out of two unmarked cars at the airport," said William Bango, Tsvangirai's spokesman.

Chamisa was receiving treatment at a Harare hospital on his eye and left jaw and had lost a lot of blood, Bango said.

On Saturday, police stopped two other MDC leaders, Sekai Holland and Grace Kwinje, boarding a flight to South Africa for medical checks after they were beaten in police custody a week ago, their lawyer said.

Arthur Mutambara, the leader of a splinter MDC faction, was also stopped from traveling to South Africa, where he spends part of his time working, an MDC official said.

Police were not immediately available for comment.

Police arrested Tsvangirai and dozens of opposition and civic group leaders for holding an illegal rally several days ago, defense lawyers say.

16.3.07

Vamos ter mais de 9.000 milhões de pessoas

UNITED NATIONS (AP) — The world's population will likely reach 9.2 billion in 2050, with virtually all new growth occurring in the developing world, a U.N. report said Tuesday.
According to the U.N. Population Division's 2006 estimate, the world's population will likely increase by 2.5 billion people over the next 43 years from the current 6.7 billion — a rise equivalent to the number of people in the world in 1950.

Hania Zlotnik, the division's director, said an important change in the new population estimate is a decrease in expected deaths from AIDS because of the rising use of anti-retroviral drugs and a downward revision of the prevalence of the disease in some countries.

The new report estimates 32 million fewer deaths from AIDS during the 2005-2020 period in the 62 most affected countries, compared with the previous U.N. estimate in 2004.

This change contributed to the slightly higher world population estimate of 9.2 billion in 2050 than the 9.1 billion figure in the 2004 estimate, the report said.

10.3.07

Hillary pronta a utilizar Bill Clinton

A senadora democrática Hillary Clinton declarou ontem ao Irish Times que, se acaso for eleita para a Casa Branca, tenciona nomear o marido, o antigo Presidente Bill Clinton, medianeiro de crises internacionais, designadamente no Médio Oriente.
“Sou muito favorável a que se recorra a antigos presidentes” para tais missões”, afirmou. Quando for Presidente, vou certamente apelar ao primeiro Presidente Clinto a que se dedique a estas questões muito difíceis que há pelo mundo fora”.
Hillary criticou o “empenhamento esporádico” da Administração de George W. Bush no conflito israelo-palestiniano e considerou que os Estados Unidos devem fazer mais pela região do Médio Oriente. Mas que para isso são necessários os esforços de um enviado especial com “talentos diplomáticos excepcionais e uma autoridade internacional”.
Segundo ela, é ao Governo israelita que cabe decidir o que é do seu interesse no dossier regional, “pois é ele que está na primeira linha”, face aos rockets palestinianos disparados a partir da Faixa de Gaza e aos atentados suicidas.
11 de Março de 2007

10.2.07

Para que não esqueçamos o caso saraui

Bir Lehlou, (territoires libérés), 09/02/2007 (SPS) Le Gouvernement de la République Arabe Sahraouie Démocratique (RASD) a dénoncé vendredi "la décision du Gouvernement de Madrid de réarmer les forces marocaines", a déclaré le porte parole du Gouvernement de la RASD dans une déclaration écrite, dont SPS a reçu une copie.

La RASD a, d'autre part, appelé "la société civile espagnole et toutes les forces politiques démocratiques à intervenir en urgence pour stopper cette regrettable opération dont les effets sur la paix et la stabilité dans la région sont imprédictibles".

5.2.07

Dados sobre a África do Sul

Research Surveys on Sunday are as follows (Figures in brackets are for 2005): How we live: Households 12.4 million; Houses 9.4 million; Shacks 1.3 million; Huts 1.7 million. What we have: Work 48% (45%); Indoor water 55% (52%);
No clean water 6% (9%) ;Flush toilet 57% (54%) ; Electricity 88% (86%). How we feel: Proudly South African — 96%; (Source: Research Surveys Poll as carried in The Sunday Times, 20070204)

21.1.07

A força do nacionalismo na sociedade turca

A forma como o adolescente Ogun Samast explicou o facto de ter assassinado o escritor de origem arménia Hrant Dink veio chamar a atenção para grupos como o Partido de Acção Nacionalista (Milliyetçi Hareket Partisi, MHP), porta-estandarte da extrema-direita turca, que se opõe ao pluralismo cultural e se opõe a uma etnicidade homogénea.
Para além de ter demonstrado o precário estado da liberdade de expressão num país com pretensões a vir a fazer parte da União Europeia, o assassínio do representante de uma minoria colocou em foco as posições de nacionalismo radical que de vez em quando parecem ganhar novo fôlego na sociedade turca.
Os nacionalistas sempre viram os apelos de Dink a um reconhecimento por Ancara de que foram chacinados muitos arménios durante a I Guerra Mundial como um insulto à honra da nação, que para eles é o valor supremo.
“O nosso grande ideal é elevar a nossa nação ao mais elevado nível de civilização e prosperidade”, disse Kemal Ataturk, que viveu de 1881 a 1938 e foi o fundador da República, herdeira do Império Otomano que existiu de 1299 a 1923.
Dezenas de intelectuais têm sido acusados de insultar a identidade turca, ao abrigo do artigo 301 do Código Penal revisto, aprovado pelo actual Governo mas que mesmo assim ainda deixa muito a desejar em relação aos cânones ocidentais.
Dia 3 deste mês, no Financial Times, o correspondente Vincent Boland fez uma análise da forma como “os turcos estão a ficar cada vez mais desiludidos com a Europa”, tendo assinalado o surgimento de um novo tipo de nacionalismo. E no dia 12 o académico turco Kaan Durukan sintetizou que, para a maioria dos seus compatriotas, “o nacionalismo é o menor denominador comum da sua identidade, independentemente do estatuto social, do poder económico e da filiação política”. J.H.

2.1.07

O Ocidente sempre apoiou a Etiópia

Bem se poderá dizer que a Administração de George W. Bush nada mais faz hoje em dia, ao apoiar a Etiópia contra os islamistas somalis, do que prosseguir uma linha traçada por D. João II de Portugal, o Príncipe Perfeito, quando em 1487 enviou Afonso de Paiva em demanda do Preste João, o imperador cristão etíope que Lisboa queria ter como aliado na luta contra “os infiéis”, que eram os muçulmanos.
Quando o Ocidente hoje em dia se refere à “Etiópia cristã”, apesar de as estatísticas dizerem que os cristãos não são ali muito mais do que os seguidores de Maomé (o anuário da CIA até os coloca em minoria), prossegue o imaginário de D. João II e de D. Manuel I, que se deixaram seduzir pelas igrejas e conventos que haveria naquela terra remota.
Tendo a partir do século XVI os reis de Portugal adoptado também, entre outros, o título de “senhores do comércio, da conquista e da navegação da Etiópia”, enviaram tropas a proteger o seu negócio e a combater os piratas somalis que infestavam as costas do Corno de África.
Os etíopes vivem no Estado africano que desde há mais tempo é independente, mas até hoje ainda não conseguiram definir uma fronteira clara com a Somália, antes tendo uma linha administrativa a separá-los da região de Oromo, no Sul do país vizinho. Essa mesma área por onde nos últimos 15 dias rodaram os seus tanques, em aliança com o frágil Governo que se encontrava aquartelado em Baidoa e que perdera para os islamistas o controlo de Mogadíscio, a capital.
De 1976 a 1978 travou-se a guerra de Ogaden, pela qual o regime de Siad Barre pretendia anexar uma parte da Etiópia e preparar a Grande Somália. E agora são as Forças Armadas de Meles Zenawi que alcançam Mogadíscio e Kismayo, como que, por intermédio de uma espécie de “Governo fantoche”, a tentarem constituir uma...Grande Etiópia.
Para que a tradição continue a ser o que era, os aliados somalis de Addis-Abeba solicitaram aos Estados Unidos que lhes garantam meios para proteger a costa. Exactamente o que os etíopes do século XVI pediram aos soberanos do longínquo Portugal. J.H.